05 outubro, 2009

Aquela Crise Existencial

“Ana olha no relógio. Chegou cedo para sua consulta, quase meia-hora. Mas se tratando de uma consulta médica, meia-hora e mais o atraso habitual do médico, somam-se uns cinqüenta minutos de antecedência. Como era sua primeira vez, a secretária a chamou para o preenchimento da ficha. Tudo corria muito bem até determinada hora:

- Qual sua profissão, querida?
- Designer.
- A ta, “desain”… Como é que se escreve mesmo?

Naquela manhã, diante da fatídica pergunta tomou uma drástica decisão:

- Escreve aí: D-E-S-A-I-N-E-R
- Mas, tem alguma coisa estranha… é assim mesmo?
- Não, você esqueceu o acento agudo no A.
- “Nem”, você está brincando comigo, né? Eu não sei como se escreve, mas assim também não é!
- Olha só, eu sou brasileira, fluminense, carioca, garota de Copacabana e estou te dizendo como se escreve em português.
- Você não pode sair inventando palavra assim!
- Por que não? Só porque não me chamo Aurélio? Se toda vez que você perguntasse, escrevesse como eu te disse, você não perguntaria mais.
- Olha só, “nem”, eu sou só uma secretária e você uma “desain”. Ninguém está aqui para mudar o mundo, certo? Para ser sincera não sei nem o que você faz. Que tal a gente pular essa discussão porque ainda tenho algumas perguntas para preencher a sua ficha e o médico já vai te chamar.

Ana respira fundo e se convence que realmente aquele não era o lugar nem aquela era a pessoa certa para esse tipo de discussão. Resolve ceder e soletra sem entusiasmo:

- D-E-S-I-G-N-E-R
- Ah não, “nem”! Agora você conseguiu acabar com a minha paciência!!!!”

extraído de: www.jununesdesigner.blogspot.com